segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Vejo um reflexo trêmulo, tão pálido,
Com um olhar perdido e melancólico,
Nas águas do infortúnio diabólico
Que a travessia custa um óbolo gélido.

O barqueiro tenaz navega intrépido
Nesse hediondo martírio, amargo e cíclico,
Descendo para o inferno metafísico
Onde a húbris queimará meu coração hórrido.

No Tártaro, minha última parada,
Os pecados de uma alma perturbada
Emergirão da própria consciência.

E o que deveria entrar como uma farpa,
Com a loucura adoçada pela sapa
Não passará de pura autoindugência.

V.


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