sábado, 27 de abril de 2024

Nunca mais escreverei uma poesia.
Quebro a parede que me separa do papel,
E que o faz uma testemunha infiel,
De um amor que apenas eu escrevia.

Arcádia não passa de um bordel
Onde a vida além-papel é uma utopia.
E que o safado do meu eu-lírico já sabia:
Viver a vida idílica é uma morte cruel!

Meu último paradoxo em forma de poema.
O papel é o carrasco de uma rima blasfema,
E a arma dessa Inquisição é uma borracha.

Apagando o papel quebra-se a parede,
Desaba o meu eu-lírico morto de sede,
E nessa metáfora poesia nenhuma se acha.

V.