segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Estou vendo urubus. Eu, já em espírito.
Estão comendo o que sobrou de mim.
Escrevendo, assim, meu aguardado fim.
Uma obra do meu animal favorito.

Eles estão sentindo meu odor eférito,
Sobrevoando minha carcaça, enfim.
Todos coreografados, assim
Como na doentia Dança de São Vito.

Um a um sobre mim eles seguem pousando,
A minha carne continuam bicando,
Ah, pelo menos dor eu já não sinto!

É extraordinário como a Natureza
Orquestra com maestria e beleza,
O enterro do meu Eu-lírico extinto.

V.


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