quarta-feira, 23 de março de 2011

O Louco e o Macabro

Sussurrou o Macabro:

"Vaguei confinado em mim
Por um mundo culto e recatado.
Com medo de gafes e ofensas
Sentava-me e calava-me
Como se culpado fosse.
Retirando de mim o próprio eu,
Confundi o ser com o propósito,
Afoguei-me na amargura xena.
Corriqueiramente me fui.
Em poucos dias, talvez, seria o fim,
Quando a doce e precária alegria
Salgaria minh'alma insossa."

Disse-lhe o Louco:

"Falatórios repugnantes e obsoletos
Testificam a fraqueza encarnada
Que assola o vassalo escravizado.
Por mais que o meu tempo se fosse
Em entusiasmos e peripécias acrobáticas, 
As esquisitices seriam apenas pontos de vista
Que em tudo se diferem. Tudo?
Fundamentar o tudo é esconder o nada.
Ilusões criadas por um astuto plebeu
Que com elas sobrevive...
Ó doce inspiração, que me apanhaste agora,
Só tu podes entender
O que tudo isto tem a nos dizer."

Júnior, V. Aguiar de Lima.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quantas voltas a Terra terá que dar
Até que nada mais disso sobre por aqui,
Fatos lamentáveis e deprimentes
Que ninguém parece ver que acontece?

Quantas armas deverão ser construídas
Até que todos os humanos sejam mortos?
Não é necessário mostrar superioridade
Pois sempre será válido que somos todos iguais

Alguém pode até dizer que não tem coração
Pode dizer que não liga para os outros, mas
Quantas vezes Alguém negará a fraternidade
Até que precise dela um dia?

Júnior, V. Aguiar de Lima.

sábado, 12 de março de 2011

Entre gritos de devoção (ou  medo)
Vive o homem, este animal sem pudor
Entre vermes e monstros sem cor
No escuro, no frio e na dor

Vive, cresce, trai e morre
Cospe no prato que come
Come do prato da morte
Do amargo sabor da justiça

Pois quem aqui faz aqui morre
Por isso os gritos de devoção (ou  medo)
Pois não existe essa de sorte

Pode alguém confiar nele,
No homem mentiroso e sem pudor,
Que vive entre gritos de medo?

Júnior, V. Aguiar de Lima.

quarta-feira, 2 de março de 2011

A felicidade escorregou por entre meus dedos
Por culpa de minha enorme estupidez
Agora só estou, mas não por isso sou triste
Nem mesmo posso dizer que triste sou

Apenas não tenho a felicidade que tanto quero
Nem como consegui-la acho que terei
É melhor que eu me acostume logo com esta situação
E viva a vida como um cara que não sabe viver

Mas fazer isso eu não posso, pois vivo vivendo
Então, como posso viver vivendo sem saber viver?
Foi o que eu antes havia dito, sei viver, fato
Mas mesmo assim deixei que a felicidade escapasse

Agora busco de novo este ente que tanto alegra o homem
Busco, mas não sei se acharei de novo... Ai, dor de cotovelo!
Dor que não dói mas machuca, machuca mas não dói
Fere tanto quanto uma espada, mas não deixa marcas.

Júnior, V. Aguiar de Lima.