terça-feira, 25 de abril de 2023

Ozymandias, de P. B. Shelley

Vindo de antiga Terra encontrei um viajante
Que disse: - Ali estão enormes pernas de pedra,
Sem corpo, no deserto não tão distante,
Soterrado, um rosto jaz com feições de alerta,
E um sorriso oblíquo de quem era arrogante.
Seu escultor talhou com maestria cada paixão,
Emanando da pedra sem vida vereis
A mão que zombava e ao que nutria o coração.
No pedestal encontrareis tais escritos:
"Meu nome é Ozymandias, e sou Rei dos Reis:
Minha obra, Ó Grandes, gela os seus espíritos!"
Nada porém resta. Além da decadência
Daquelas ruínas vereis com nitidez
Apenas areia, e toda sua complacência.

Tradução: V.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Soneto n° 14, de Shakespeare.

Meu juízo não vem das estrelas;
E olhe que eu entendo de astronomia,
Mas não a ponto de anteceder mazelas,
Nem pragas, ou se irá bem a agronomia.

Não adivinho nem a sorte imediata,
Para apontar os infortúnios de alguém,
Ou evitar que o príncipe caia em negociata,
E predizendo coisas do além:

Mas dos teus olhos vem minha sabedoria,
As estrelas eternas, lá vejo com clareza
A beleza e verdade florescerem, em teoria,
Se em ti gestares tamanha pureza;

Do contrário, que minhas rimas não te iludam:
Toda tua verdade e beleza em ti findam.

Tradução: V.

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Eu sou o clássico bon-vivant.
Boêmio e um tanto emocionado,
Mas por dentro triste como um fado,
Que para beber venderia a alma a Satã.

Não levo minhas tristezas para o divã.
Se guardá-las não serei julgado,
E terei apenas da vida gozado
Sem nunca me preocupar com o amanhã.

O que mais poderia querer um boêmio?
Viver a boa vida já é suficiente prêmio,
Mesmo com inevitável fim trágico.

Amigos para beber e um amor inglório.
Mas acabada a farra ninguém irá ao velório
Deste triste poeta vadio e verborrágico.

V.

sábado, 15 de abril de 2023

Hypochondriasis

I already wrote my will.
Living in constant pain,
Sickness inside my brain.
The Death's icy Scythe... I feel.

I am prepared, but I feel this thrill.
My thoughts, I know, will remain,
While I die over and over again,
Ecchoing that painful sensation of chill.

Suffering with so many diseases.
The Death's blow freezes,
And then I see the light.

My chilled skin erupts.
The Scythe my life interupts.
I am so damn sick to fight.

V.

terça-feira, 4 de abril de 2023

Estou farto de todo esse Romantismo.
Dessa sensação de viver mentindo,
Sobre tudo o que estou ou não sentindo...
Sei que isso não passa de um sofismo.

Vês a relação entre Musas e pragmatismo?
Estive ontem mesmo refletindo,
E quando já estava quase desistindo,
Vi meu reflexo numa gota de Realismo.

O que se espera de uma poesia romântica?
E nem entro na seara da semântica,
Meu Eu-lírico deprimido, meu interlocutor.

Indago a todos os "Eus" que me compõem,
Todas as verdades que se sobrepõem,
Afinal, eu sou o meu próprio acusador.

V.

domingo, 2 de abril de 2023

Momo.

Miríade de sentimentos, alguns confusos.
Outros claríssimos, porém conflitantes.
Meu julgamento falha ao tentar acompanhar,
Outrossim, não há verdade mais Clara.

V.