segunda-feira, 13 de março de 2023

Eu vejo o urubu. Eu, já em espírito.
Ele está comendo o que sobrou de mim.
O capítulo final do meu aguardado fim,
Escrito pelo meu animal favorito.

Eles estão sentindo meu odor eférito,
Sobrevoam minha carcaça, enfim.
Todos coreografados, assim
Como na mórbida Dança de São Vito.

Um a um sobre mim eles vêm pousando,
Minha carne todos seguem bicando,
Ah, pelo menos dor eu já não sinto!

Assisto admirado como a Natureza,
Orquestra com maestria e beleza,
O sepultamento do meu Eu-lírico extinto.

V.

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