sábado, 27 de setembro de 2025

O Fado do Boêmio

Eu sou um inveterado bon-vivant.
O clássico boêmio emocionado,
Mas por dentro tão triste quanto um fado,
Por bebida, eu daria a alma a Satã.

Não levarei aflições para o divã.
Se guardá-las eu não serei julgado,
E terei apenas da vida gozado
Sem me preocupar com o amanhã.

O que mais poderia querer um boêmio?
Viver a boa vida é meu único prêmio,
Além de um doloroso final trágico.

Farras, amigos  e um amor inglório,
Mas no fim, estará vazio, o velório,
Deste poeta vadio e verborrágico.

V.


quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Aquele som rasgou a mortalha inteira.
De ponta a ponta, a gélida mortalha
Que separava os “deuses” da “gentalha”
Precisa, agora, de uma costureira.

E quem diria que o grito de um canalha
Colocaria um fim nessa fronteira!?
Nem a morte de um santo na fogueira
Havia rasgado tão divina malha!

Colocou toda a vil humanidade
De frente para a ignóbil “santidade”.
Um grito que tentaram abafar.

Grito de desespero que ainda ecoa,
Que tomou da cabeça oca a coroa,
Corrigiu uma injustiça milenar.

V.