segunda-feira, 13 de outubro de 2025

O último solilóquio de um cigarro

Seu beijo molhado.
A umidade e o calor dos lábios,
O leve aperto dos dedos.
Indicador e médio.
Estou nas suas mãos.
Eu ardo.
Em brasa.
Sou totalmente consumido.
Agora corro nas suas veias
Como um espectro daquilo que um dia fui.
Ela se livra do que restou de mim,
Intoxicada.
Envenenada.
E, então, sou apagado.
Descartado.
Eu, que fui chama.
Eu, que fui brasa.
Eu, que fui fumaça.
Agora sou apenas uma memória.
Uma memória marcada pelo seu beijo,
Consumida pelo seu beijo,
Enterrada em cinzas.

V.


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