sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Sonhei que caía num buraco.
Buraco sem fim.
Infinitamente fundo.
Infinitamente largo.
Sonhei que caía num buraco.
Acordei assustado,
Chutei a parede no susto.
Na cama havia uma pá.
E muita terra.
Minhas mãos estavam imundas.
E meu pé doía. 
Sonhei que caía num buraco.
Buraco sem fim,
Cavado por mim.

V.


terça-feira, 14 de outubro de 2025

Tuas asas, a mais pura psicodelia.
Quando batem, uma ventania:
Eólica força da natureza,
Do ghibli ao harmatão.
O olho do furacão.
O sopro, o tufão.
Eu, cata-vento.
Tu, ventania.
Tuas asas,
De Fada,
Batem.
E voo.
Pra
Ti.

V.

Haicai dos olhos que riem

Seu olhar sorridente
Esquenta o meu coração,
Bem-querer ardente!

V.

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

O último solilóquio de um cigarro

Seu beijo molhado.
A umidade e o calor dos lábios,
O leve aperto dos dedos.
Indicador e médio.
Estou nas suas mãos.
Eu ardo.
Em brasa.
Sou totalmente consumido.
Agora corro nas suas veias
Como um espectro daquilo que um dia fui.
Ela se livra do que restou de mim,
Intoxicada.
Envenenada.
E, então, sou apagado.
Descartado.
Eu, que fui chama.
Eu, que fui brasa.
Eu, que fui fumaça.
Agora sou apenas uma memória.
Uma memória marcada pelo seu beijo,
Consumida pelo seu beijo,
Enterrada em cinzas.

V.